(...)
«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
«Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
«Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da Terra,
Porque a perdeu.
«Contra a cruenta
Raiva íerina,
Face divina
Não lhe valeu.
«Tem roto o seio
Tesoiro oculto,
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
«De dor e espanto
No carro de oiro
O Númen loiro
Desfaleceu.
«Aves sinistras
Aqui piaram
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.»
Manuel Maria Barbosa Du Bocage, também conhecido como Elmano Sadino.
Elmano é uma inversão do nome Manoel (EL/MANO/EL) e Sadino vem de Sado, rio que banha Setúbal, cidade em que o poeta nasceu a 15 de Setembro de 1765.
Morreu em 1805, em Lisboa, onde ganhou a fama de poeta. Consta que quando falava rimava, metia-se em sarilhos e chegou a ser preso por ser “desordenado nos costumes”.
Era um frequentador assíduo do café Nicola, um café famoso da Baixa de Lisboa.
«Sou o poeta Bocage, venho do Nicola e vou para o outro mundo se disparas a pistola.»
A vossa pesquisa avança a um bom ritmo.
ResponderEliminarVou dar-vos uma sugestão de um poema pouco conhecido de uma poetisa de Alcobaça: Virgínia Vitorino.
Bom trabalho!
Meninos! Os que não estão a redigir o texto para a peça... respondam ao desafio!
ResponderEliminarFui nova, mas fui triste; só eu sei
ResponderEliminarcomo passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha edade...
Devia ter cantado, e não cantei!
Fui bella. Fui amada. E desprezei...
Não quiz beber o phyltro da anciedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado, e não amei!
Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
nem cinzas mortas, nem calor de beijos...
- Eu nada soube, nada quiz prender!
E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver!
Gonçalo
Estás perto, Gonçalo... mas ainda te falta pesquisar mais um bocadinho!
ResponderEliminarA manhã era clara, refulgente.
ResponderEliminarUma manhã dourada. Tu passate.
Abriu mais uma flor em cada haste.
Teve mais brilho o sol, fez-se mais quente.
E eu inundei-me dessa luz ardente.
Depois não sei mais nada. Olhei... Olhaste...
E nunca mais te vi... - Raro contraste ! -
A madrugada transformou-se em poente.
Luz que nasceu e apenas cintulou!
Deixou-me triste assim que se apagou,
às vezes fecho os olhos; vejo-a ainda...
E há tanto sol dourando esses trigais!
Olhaste, olhei, fugiste... Ai nunca mais,
nunca mais tive outra manhã tão linda!
E agora esta melhor???
Gonçalo
Gonçalo! Esse é lindo, mas vou deixar a Stora Ilda responder-te!
ResponderEliminarJá que estás tão empenhado (lindo menino!!!) podias fazer uma pequena pesquisa sobre esta poetisa para Segunda-feira. O relógio está sempre a contar...
Bom trabalho!
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ResponderEliminarEu vim predestinada a este mundo!
ResponderEliminarO que sinto pairar no meu destino
tem, por ser entusiástico e profundo,
a calorosa vibração dum hino!
Não me detenho em mim. Não me defino.
-- Olho o mar, sem medir quanto ele é fundo...
Se vejo a chama dum clarão divino,
do divino clarão toda me inundo!
Vida! Quero viver! Que o sofrimento
seja fumo arrastado pelo vento
e que eu realize a glória que senti!
Pela estrada do Orgulho iam meus passos...
E ao fim de tudo, -- vês? -- pendem-me os braços,
canso, e pergunto a Deus: -- Porque nasci?
Ana Teresa
Andamos às voltas... não vale andar a repetir!
ResponderEliminarNão venhas ver-me, não! De que servia?
ResponderEliminarNem eu tenho coragem para tanto.
Gostava muito, sim, mas todo o encanto
da tua grande ausência acabaria.
É tornar-te a perder. Num certo dia,
tu partes novamente, e todo o pranto,
ou pouco ou muito - não importa quanto -
nunca o compensa uma hora de alegria.
Mas se eu não posso ter outro desejo!
Se eu, não te vendo a ti, nada mais vejo!
Como é que, sendo assim, não te hei-de ver?
Responde-te a minha alma comovida:
- Vale mais ter um mal por toda a vida
do que alcançar um bem para o perder.
Bruna
Bem! Bruna, bom trabalho...
ResponderEliminarRepousaram enfim. Sonham agora
ResponderEliminaraquele grande sonho interrompido.
- O maior sonho que se tem vivido
sonho que fulge em cada nova aurora! -
Beijam-se os dois amantes hora a hora.
E no grande socego apetecido.
murmuram ambos eles num gemido:
«Só é perfeito, imenso, o amor que chora!»
Inês, oh! linda Inês! «garça real»
que por um bem sofreste tanto mal!
Dorme, dorme o teu sono tão profundo.
O teu Pedro te embala, nesse Amor
que há-de ter sempre o nome de Maior!
Que há-de ser novo - «Até ao fim do mundo...-»
David