sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

David Mourão-Ferreira, só os dois tercetos finais

«(...)Se vês, Inês, a alma de meus olhos,
Lá do céu em que pisas palma e cedro,
Mais que loureiro aqui e fé constante,

Verás que sou, honrando teus despojos,
Português em amor, em rigor Pedro,
Rei no seu poder, e na vingança amante.»



David MOURÃO-FERREIRA
"Lope de Vega -- Do soneto de Dona Inês de Castro" / David Mourão-Ferreira. In: Revista Colóquio/Letras. Tradução de Poesia, n.º 164, Maio 2003, p. 146.

Escritor e professor universitário português, natural de Lisboa. Foi poeta, romancista, crítico e ensaísta. Morreu em 1996.

Lope de Vega - (1562- 1635) fundador da Comédia Espanhola.

Mais um poema, um soneto de Ary dos Santos

Dos olhos corre a água do Mondego

os cabelos parecem os choupais

Inês! Inês! Rainha sem sossego

dum rei que por amor não pode mais.


Amor imenso que também é cego

amor que torna os homens imortais.

Inês! Inês! Distância a que não chego

morta tão cedo por viver demais.


Os teus gestos são verdes os teus braços

são gaivotas poisadas no regaço

dum mar azul turquesa intemporal.


As andorinhas seguem os teus passos

e tu morrendo com os olhos baços

Inês! Inês! Inês de Portugal.


in http://www.astormentas.com/poema.aspx?id=1940&tp=&titulo=Soneto%20de%20In%C3%AAs

Ary dos Santos

Poeta português, natural de Lisboa. Nasceu em 1937 e morreu em 1984, no dia 18 de Janeiro, há 25 anos.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

AMOR E MORTE NA "CASTRO" DE ANTÓNIO FERREIRA



(...) «REY:
Tristes foram teus fados, Dona Ines,
Triste ventura a tua.

CASTRO:
Antes ditosa,
Senhor, pois que me vejo ante teus olhos
Em tempo tam estreito: poem-nos hora,
Como nos outros soes, nesta coitada.
Enche-os de piedade com justiça.
Vens-me, senhor, matar? porque me matas?

REY:
Teus pecados te matam: cuida nelles.

(...)»

António Ferreira nasceu em Lisboa em 1528. Estudou Direito na Universidade de Coimbra. É considerado um dos maiores poetas do Classicismo Renascentista da Língua Portuguesa. Morreu em 1569. A sua obra Castro, uma tragédia, foi publicada em 1587, dezoito anos após a sua morte.


Amor Infinito - Madredeus

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Inês de Castro: uma obra de uma escritora espanhola

(...)Aonde vais,Príncipe Pedro,
aonde vais, triste de ti?
Que a tua querida esposa
morta está que eu bem a vi.
As feições que ela tinha
bem as saberei dizer:
sua garganta é de alabastro,
as suas mãos de marfim. (...)

Maria Pilar del Hierro, poema retirado da obra Inês de Castro

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

E chegámos a Miguel Torga...




Acordar...
Erguer a lousa sem D. Pedro ouvir...
E dizer às donzelas que o luar
É o aceno do noivo que há-de vir...
E que, na morte, o amor
Se levanta e caminha.
Que é um outro sol a ser outro calor,
Outra mulher amada a ser rainha.
E que não sou Constança ou Mariana,
Porque o meu nome verdadeiro é Inês,
Que sou a Julieta castelhana
Do Romeu português.

in http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510599_07_cap_04.pdf
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, (São Martinho de Anta, Vila Real, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Virgínia Vitorino (Alcobaça, 13 de Agosto de 1895 — 1967) uma poetisa e dramaturga portuguesa.



Repousaram enfim. Sonham agora
Aquele grande sonho interrompido.
– O maior sonho que se tem vivido,
Sonho que julga – em cada nova aurora! –

Beijam-se os dois amantes hora a hora.
E no grande sossego apetecido,
Murmuram ambos eles num gemido;
“Só é perfeito, imenso, o amor que chora!”

Inês, oh! linda Inês! “garça real”,
Que para um bem sofreste tanto mal!
Dorme, dorme o teu sono tão profundo.

O teu Pedro te embala, nesse Amor
Que há-de ter sempre o nome de maior!
Que há-de ser novo – “Até ao fim do mundo”...

Virgínia Vitorino
in http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510599_07_cap_04.pdf



Foi professora de liceu e trabalhou na Emissora Nacional, uma estação de rádio, onde dirigia o teatro radiofónico.

Escreveu poesia, teatro, e as suas peças foram representadas pela Companhia de Amélia Rey Colaço.